São nove horas da noite de domingo.
Mari está diante da geladeira. Pensa em preparar algo de acordo com a dieta que está seguindo quando de repente olha para o bolo que sobrou. Desvia o olhar, olha de novo, e quando percebe, já comeu uma boa parte dele ali, de pé, com a mão. Mari não se conforma: “Meti o pé na jaca” de novo. Por que como deste jeito? Por que não tenho força de vontade como a Ana? Que vergonha, amanhã é dia de se pesar no médico. Vou desmarcar… não, aí vou comer mais ainda…help! Toca o telefone.
Ana: como vai? Já conseguiu preparar aquela reunião de amanhã que estava preocupando você?
Mari: Ah! Ana,fiz uma parte, aí fui para a geladeira e acabei estragando todo o meu esforço de me controlar com a comida esta semana…
Ana: Conheço isso Ana, essa é uma daquelas horas “perigosas”!
Mari: E como você faz?
Ana: Você sabe, aprendi a sempre me perguntar se é fome física ou algo que estou sentindo.
Mari: Isto é tão difícil… Acho que nunca vou conseguir.
Ana: Não sou perfeita, acho que isso nem existe. De vez em até como por motivos emocionais. Mas é tão mais raro do que era antes! Quando isso acontece, aprendi a pensar sobre o que está acontecendo sem me atacar e dar um tempo até sentir fome de novo para comer outra vez.
Mari: Mas como você consegue pensar nessa hora, parece que eu entro “num transe”!
Ana: Mari, fui aprendendo como comer compulsivamente é uma defesa porque eu não sabia como me acalmar internamente sem ser com comida. E também que não é um problema de falta de força de vontade e que há caminhos para fora deste tormento. Mas leva um tempo…
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Ilustração Custodio Rosa.