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Sobre Corpos e Cangas

Elisabeth C. Wajnryt Compulsão Alimentar

Tenho uma sobrinha muito bonita, que até já trabalhou como modelo.

Mesmo assim, ainda menina, há muitos anos atrás, ela não escapava da pressão sobre magreza e aparência.

A cena que mais ficou marcada para mim, foi ela me mostrando como sentar na borda da piscina com a canga, desamarrá-la e, sentada, escorregar para a água de modo que ninguém visse o seu bumbum e “suas celulites”. Depois ainda me mostrou a arte de sair da piscina e fazer a mesma coisa.

Uma menina adolescente, linda e já sofrendo com o corpo. Não poder vivê-lo em suas funções naturais e sim como um objeto de escrutínio próprio e dos outros!

No Brasil, vivemos a cultura de desnudar-se o mais possível, em qualquer ocasião. Este é o parâmetro de estar na moda.

OK para quem gosta, mas tanta gente não se sente a vontade com isso e acha que não tem escolha.

Muitas adolescentes não estão preparadas para lidar com os efeitos, olhares, comentários da exposição de seus corpos.

Uma das maneiras de ajudarmos nossas jovens é dar para elas tempo e espaço para aprender como habitar seu corpo adulto e ensiná-las a se defender da padronização.

A natureza criou uma infinidade de formas, não temos que nos confinar a um único modelo, muito menos nos colocarmos na “vitrine” a cada momento.

“Meu corpo é assunto meu!”