Mês passado recebi uma carta muito tocante de uma leitora que me inspirou a compartilhar alguns desses depoimentos, agradecimentos e casos reais que encontro no dia a dia com pacientes, leitores e participantes dos grupos de trabalho ou de seminários que participo para poder inspirar e motivar quem precisa de um exemplo a seguir.
A Mariana conta toda a trajetória dela dando uma visão geral do livro e do método que proponho, veja a seguir a carta completa.
“Oi Elisabeth Wajnryt.
Quem está falando aqui é a Mariana, posso te dizer que um dia fui apenas a Mari, depois a Ana começou a entrar em cena e começou a me mostrar quem eu era, sou e sempre serei, a Mariana.
Estou aqui, e talvez você nunca venha a ler, mas eu precisava escrever para você, te agradecer.
Agradecer-te por ter tido preocupação, amor, dedicação com aqueles que sofrem desta terrível compulsão. Por ter tido uma capacidade imensa em escrever este livro, um livro que retrata a realidade desses dias tão sombrios, desses dias que parecem ser infindáveis, de dias que a cada dia mais passamos a nos amar menos, a nos odiar ao olharmos para o espelho, e viver apenas olhando o futuro, como se ele fosse perfeito, e que um dia chegaríamos lá. Porém, com todas as vozes que há dentro de nós, o decorrer do dia acaba nos impedindo e nos fazendo cair dentro dos defeitos que criamos, de mitos que ouvimos, de achar que somos incapazes de chegar aonde queremos, de que não temos força de vontade, de motivação ou de “vergonha na cara”.
É tão estranha a sensação de em uma semana, ou apenas um dia, às vezes nem isso, se sentir bem consigo mesmo, se sentir bela, e logo na outra semana, ou no mesmo dia, ou momentos depois, já ver tantos defeitos, estar insatisfeita consigo. Tão estranho olhar pra trás e ver o quanto havia mudanças de uma semana pra outra, tanto na forma física quanto mental, não havia algo que conseguisse me estabilizar. Mas sempre estava lá, tentando, recomeçando, e então, “já que seria o último dia, o último pedaço, que NUNCA MAIS vou comer essa comida…”, e, infelizmente, o resultado de tudo isso, pouco tempo depois, era só mais confusão e sofrimento. Tudo retornava, e a frustração era maior ainda, por vir a culpa, esta que, com o tempo, só aumentava, e era instantânea. E os dias giravam sempre em torno deste ciclo.
O tempo passa, comparações com seus próximos são feitas, “Por que ela (e) pode e eu não? Por que ela (e) come isso e é magra, é feliz…”, e tanto outros questionamentos. Então começo a notar que isso não é normal, lembro-me do passado, de quando eu fazia tudo o que eles faziam e eu era normal, bem comigo mesma, e então, foi quando uma dor maior ainda se instalou dentro de mim, ver o quanto a forma que vivia estava errada, que só causava mal a mim mesma, onde estava meu amor próprio novamente? Mas já parecia ser impossível pensar de outra forma.
Durante esse tempo de compulsão eu sempre tive acompanhamento nutricional, e isso era algo que me forçava a tentar estar sempre nos “eixos”, mas sempre que consultava, estava na mesma coisa, pois era sempre ganhando e perdendo, indo e voltando. Porém devido a várias crises não quis ir mais, e depois de um tempo resolvi retornar com a Arícia Motta.
Outra pessoa a quem devo agradecer, pois foi quem me explicou o que era tudo aquilo que estava passando e me indicou o livro “E foram magros e felizes para sempre?”.
No decorrer da leitura, é como se fosse alguém vendo todas as minhas atitudes e escrevendo tudo o que eu fazia, ainda mais por ver que as personagens chamavam Maria e Ana.
Ao escrever tudo o que eu gosto de fazer e ver que a maioria eu não estava fazendo, ao fazer uma lista do que eu gosto, ao descobrir que tenho que me dar o direito de fazer as coisas, de comer de tudo, de fazer as coisas com as quais eu só vinha me mortificando. A realidade vem e bate de uma forma muito forte, o choro de arrependimento, de dor se torna cada vez mais inevitável. Ao ver que sou forte, por sempre recomeçar, que tenho determinação sim, pois sempre persisti naquilo, e que a única que sofre sou eu mesma, que se eu não me amar quem vai amar? Diante de tudo isso, comecei a ter consciência do que estava passando e que seria apenas eu comigo mesma para me ajudar a sair dessa compulsão, que aquilo não estava sendo mais saudável, e que ninguém precisa viver assim, não fui enviada ao mundo para isso.
Te agradeço por me mostrar tudo isso através de seu livro.
Posso te dizer que ao ver que Maria e Ana eram uma só, eram a Mariana, mais a certeza eu tive de que iria sair desses dias, mais certeza eu tive de que eu era capaz, e querendo ou não, a coincidência dos nomes teve uma reação muito forte em mim.
Passei querer a viver “ao longo do para sempre”, como os trilhos do trem, que o deixam “na linha” até onde o trilho for, e que se não tiver fim, ou for um circuito que se repete, irá se mover indefinidamente “PARA SEMPRE”.
A partir disso, ao obter essa consciência, tive recaídas sim, houve dias de crises sim, porém foram se tornando cada vez menores, e toda vez que os tinha e as vezes ainda os tenho, penso que isso é normal, sem me julgar, passei a pensar que não é um problema.
E o melhor de tudo, o amor próprio retorna, seu relacionamento com o outro só melhora, os dias têm mais tempo, tudo vai se encaixando. E é assim que aprendi a viver o “PARA SEMPRE” TODO DIA.
Seu livro me trouxe de volta o entendimento de me amar, de me aceitar, e hoje o releio e indico a todos que passam ou passaram pelo o mesmo a reler, as ideias fixam mais e o esclarecimento é cada vez maior. E hoje, também venho ajudando próximos que começaram a me relatar que passam pelo mesmo, repasso o livro, e ver elas tendo esse entendimento, e saindo desse sofrimento me trás uma alegria imensa e me faz enxergar o propósito de tudo o que passei.
Mais uma vez, obrigada.
Mariana M. R.
26/04/2016
Comprei o livro em 14/10/2015″
Gostaria de agradecer à Mariana, primeiro pela carta inspiradora e segundo por permitir sua reprodução na íntegra! Além disso gostaria de parabeniza-la por sua persistência pra alcançar sua felicidade e tenho certeza que outras pessoas vão se identificar e se inspirar para seguir com sua busca por saídas sabendo que é possível e que estão em boa companhia.
foto: pixabay / BibBornem